Dra Sandra Portela – Ginecologista e Terapeuta Sexual

ISSO É NORMAL?

Ter dor na relação sexual não é normal. O genital feminino passa por uma transformação durante o período de excitação, se preparando para a penetração, para que ela não seja dolorosa e pelo contrário, prazerosa.

Porque muitas mulheres demoram tanto para procurar ajuda? Pela crença errada de que é normal ter dor na relação.

Então, porque isso acontece de uma forma até frequente?

Pela falta de informação. Pela vergonha em se abrir com um médico. E até pela vergonha de se abrir com o parceiro. Mesmo com tantos sites falando sobre sexualidade, com tantas propagandas sobre produtos eróticos, a sexualidade ainda é cercada de muitos preconceitos, causando dificuldade para que essa mulher procure a ajuda certa.

Dor na relação sexual.

QUAIS SÃO AS CAUSAS DE DOR NA RELAÇÃO SEXUAL?

Existem vários problemas que levam a dor na relação sexual. Essas casa podem ser de origem orgânica ou emocional. Vamos entender um pouco mais:

Causas orgânicas

  1. Endometriose
  2. Infecção urinária
  3. Vaginites 
  4. IST (infecções sexualmente transmissíveis)
  5.  Cistos de ovário 
  6. Miomatose uterina
  7.  Atrofia vaginal (pela menopausa, no pós parto, ou após tratamento oncológico: radio ou quimioterapia)
  8. Problemas intestinais

Causas emocionais

  1. Ansiedade
  2. Depressão
  3. Estresse
  4. Problemas no relacionamento
  5. Traumas como abuso sexual
  6. Problemas como vergonha com o próprio corpo, medo, culpa, nojo em relação ao sexo;
  7. Educação repressora
dor na relação sexual.

QUEM TRATA OS CASOS DE MULHERES COM DOR NA RELAÇÃO SEXUAL?

O primeiro profissional a ser consultado deve ser um ginecologista, para afastar as causas orgânicas.

No exame ginecológico já é possível realizar muitos dos diagnósticos e até iniciar tratamentos. Para outras condições serão necessários alguns exames complementares.

Muitas causas de dor na relação sexual, podem iniciar como causas orgânicas, e evoluir para causas emocionais, quando se demora a realizar o diagnóstico e o tratamento.

Mulheres que passam longos períodos sentindo dor na relação, podem evoluir para casos de aversão sexual. Dificultando ainda mais o tratamento

A Dra Sandra Portela é ginecologista em Goiânia, formada pela Universidade Federal de Goiás . Realizou residência médica em Ginecologia/Obstetrícia, em São Paulo, onde  atendeu por um período, até retornar a sua cidade natal.

Durante o tempo que ficou em São Paulo, realizou pós graduação em Terapia Sexual. Tendo realizado atendimento em um ambulatório que trabalhava com disfunção sexual feminina e masculina em São Paulo e posteriormente no Hospital Geral de Goiânia de 2010 até 2022.

ginecologista e terapeuta sexual

COMO É FEITO O TRATAMENTO?

Para cada uma das causas teremos um tratamento específico:

Causas orgânicas:

  • Endometriose: casos iniciais podem ser resolvidos com uso de anticoncepcionais de forma continua. Existem vários tipos de anticoncepcionais e é necessário que a paciente converse com seu ginecologista para ver qual o melhor para o seu caso. Em casos mais avançados são necessários procedimentos cirúrgicos, que devem ser realizados por equipe especializada.
  • Infecção urinária, IST e vaginites: são realizados tratamentos específicos, que resolvem todos os casos. Por isso a importância de não terem vergonha e procurarem logo o atendimento com ginecologista.
  • Cisto de ovário e miomatose: nem todos os cistos e miomas levam a dor na relação sexual e nem em em outras situações. Alguns cistos de ovários são fisiológicos, ou seja, normais de aparecerem. A consulta com o ginecologista possibilitará que sejam avaliados cada caso, e orientado o melhor tratamento para cada situação.
  • Atrofia vaginal: a atrofia vaginal pode acontecer no período pós parto, durante a amamentação. A mulher precisa conversar com seu médico, sobre esse desconforto na relação, para que ele possa tratá-la ainda no início do problema. A vergonha de falar sobre a sexualidade, atrasa esse tratamento que é realizado apenas com cremes vaginais.  Outra possibilidade é a atrofia que ocorre na menopausa ou após tratamentos oncológicos. Nestes casos,  temos soluções até simples como o uso de lubrificantes na hora da relação, o uso de cremes hormonais para as que podem ou até de hidratantes vaginais para as que apresentam contra indicação para o tratamento hormonal. Outro tratamento existente são as novas tecnologias como o laser vaginal ou a radiofrequência. Mas o que é importante: cada caso é um caso. A mulher precisa ser examinada e escutada quanto as suas queixas. Para só depois ser avaliado qual o melhor tratamento para ela.
  • Problemas intestinais: muitas pacientes com obstipação intestinal crônica podem referir dor durante a relação. A consulta com o ginecologista, neste caso, será para afastar causas ginecológicas e posteriormente encaminhar para o especialista.

TRATAMENTO DE CAUSAS EMOCIONAIS:

Na verdade, só depois de uma consulta bem detalhada, depois de afastada as causas orgânicas é que poderemos falar em causas emocionais causando dor na relação sexual.

O melhor tratamento neste caso é a terapia sexual. Quem é o profissional que faz isso. São médicos ou psicólogos que tiveram a formação nessa área especifica.

O processo de terapia varia de caso a caso. Não temos como prever quanto tempo levará, mas normalmente são processos rápidos.

A terapia pode ser realizada com o casal ou apenas coma a participação da paciente. É interessante que o parceiro (a) esteja pelo menos sabendo do processo de terapia, e possa participar dos exercícios orientados para casa.

Não se preocupe com essa fala. Para a indicação de qual exercício você realizará, serão discutidos com você, como você se sente em relação a eles. Durante todo o processo você será ouvida e respeitada em sua dificuldades e medos.

A terapia ajuda a paciente a se conhecer melhor, a trabalhar questões de sua educação repressora e a melhorar a comunicação entre o casal, para que os dois possam viver sua sexualidade da forma mais prazerosa para os dois .

terapia sexual

QUAL A DIFERENÇA ENTRE DISPAREUNIA, VULVODINEA E VAGINISMO?

  • Dispareunia significa dor na relação sexual. É dividida em Dispareunia Superficial ou de Penetração e Dispareunia de Profundidade. Podem ter causa orgânica ou emocional. Apesar da dor, a mulher consegue ter a penetração.
  • Vulvodinea significa dor na vulva. Muitas vezes as mulheres referem dor em um ponto específico. Pode estar relacionada com contratura da musculatura ao redor do canal vaginal, ou da musculatura da vulva.
  • Vaginismo é uma condição onde a mulher não consegue ter penetração. A mulher apresenta dor, e por causa dessa dor, acontece uma contração da musculatura vaginal, impedindo então a penetração. Além da dor, a mulher refere muita agonia e medo.

VAGINISMO

O vaginismo merece uma fala à parte. Muitas mulheres passam por essa dificuldade e sofrem caladas por anos. Muitos ginecologistas, infelizmente, não são capacitados para a atendimento de pacientes com esse problema, e com falas equivocadas até podem piorar essa situação.

São várias as causas do vaginismo, como por exemplo a educação repressora, medo de uma possível gravidez, questões religiosas, casos de abuso sexual e outros traumas ocasionados na infância.

Mas fiquem tranquilas, porque mesmo sem chegarmos a causa inicial, conseguimos resolver essa situação. O tratamento se baseia em trabalharmos as questões que aparecem durante as consultas, como a falta de informação, melhora da comunicação do casal, autoconhecimento do próprio corpo, dentro do limite de cada uma.

A fisioterapia ginecológica é outra possibilidade de tratamento, mas isso também deve ser colocado para que a mulher possa perceber como se sentiria, e assim decidir qual o melhor caminho para começar o tratamento.

Muitos tratamentos oferecidos no mercado, como procedimentos cirúrgico, infiltração com algumas medicações ou mesmo anestésicos, não são tratamentos que apresentam eficácia para o tratamento de vaginismo, assim como de Dispareunia ou da Vulvodinea.

Portanto procurem profissionais que tenham experiência nesses casos e invistam em sua saúde emocional e na saúde sexual.

Revista Femina.

ISSM

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